União Africana se une a movimento global e exige mapas que mostrem a verdadeira dimensão da África
- Master Commbne
- 26 de ago.
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Campanha internacional busca substituir a projeção de Mercator, que encolhe a África e amplia Europa e América do Norte: “maior campanha de desinformação já feita”

Commbne, 26 de Agosto de 2025 - A União Africana aderiu, no último dia 18, à campanha Correct The Map (“Corrijam o mapa”, em inglês), que pede o fim do uso da projeção de Mercator nos mapas-múndi. A iniciativa quer corrigir a forma como o continente africano é retratado – sistematicamente menor do que realmente é.
“Pode parecer que é só um mapa, mas, na verdade, não é”, afirmou à Reuters a vice-presidente da Comissão da União Africana, Selma Malika Haddadi. Para ela, a representação distorcida influencia percepções globais de poder e importância.
Criada no século XVI pelo cartógrafo Gerardus Mercator, a projeção foi pensada para a navegação, pois facilita o traçado de rotas diretas a partir da bússola. O problema é que, ao transformar a esfera terrestre em um plano, exagera o tamanho das regiões próximas aos polos – como Europa e América do Norte – e reduz a dimensão de áreas ao redor do Equador, onde estão África e América do Sul.
O contraste é gritante: mapas baseados em Mercator fazem parecer que a Groenlândia tem dimensões semelhantes às da África, quando, na realidade, o continente africano é cerca de 14 vezes maior. O Brasil, cinco vezes maior que o Alasca, também aparece como se tivesse proporções parecidas.

A campanha defende a adoção da projeção Equal Earth, desenvolvida para representar de forma mais fiel o tamanho relativo dos continentes. O movimento acusa a popularização do modelo de Mercator – presente até hoje em plataformas como Google Maps – de ter moldado, por mais de 450 anos, uma visão distorcida do planeta.
“Foi a maior campanha de desinformação já feita”, criticou a diretora-executiva da Africa No Filter, organização que integra a iniciativa.
Embora os cartógrafos reconheçam que todo mapa necessariamente distorce a realidade – já que é impossível projetar uma esfera em um plano sem ajustes –, a escolha da projeção não é neutra. No caso da Mercator, a distorção acabou reforçando desigualdades simbólicas: enquanto o Norte global aparecia ampliado, o Sul global era encolhido.
Com o apoio da União Africana, a Correct The Map ganha novo impulso para tentar redefinir a forma como o mundo enxerga o próprio mundo.





