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Maior país do continente africano, Sudão é um dos piores países do mundo para jornalistas, revela relatório internacional

Ranking 2025 da Repórteres sem Fronteiras revela cenário extremo de repressão à imprensa no país em guerra, onde jornalistas são alvos da violência e da censura

(Foto: Tim McKulka/UNMIS/Reuters)
(Foto: Tim McKulka/UNMIS/Reuters)

Commbne - O Sudão, maior país do continente africano, ocupa uma das últimas posições no ranking de liberdade de imprensa de 2025 divulgado pela organização internacional Repórteres sem Fronteiras (RSF). O relatório denuncia um cenário alarmante de repressão, censura e perseguição sistemática a jornalistas, agravado desde o golpe militar de 25 de outubro de 2021 e intensificado pelo conflito interno deflagrado em abril de 2023.


Com uma área de 2,5 milhões de quilômetros quadrados e fronteiras com nove países, o Sudão tornou-se um dos ambientes mais hostis para o exercício do jornalismo no mundo. Desde que o general Abdel Fattah al-Burhan assumiu o controle do país, a mídia passou a operar sob forte vigilância, controle militar e repressão institucionalizada. O confronto entre as Forças Armadas Sudanesas e as Forças de Apoio Rápido (RSF), lideradas por Mohamed Hamdan Dagalo, o "Hemetti", intensificou os ataques, prisões arbitrárias e a perseguição a profissionais da imprensa.


Censura, propaganda e exílio forçado

A comunicação no país é dominada por meios estatais como a Sudan National Radio Corporation e a Sudan National Broadcasting Corporation, que atuam como porta-vozes do regime militar. Desde o golpe de 2021, a polarização da imprensa atingiu níveis críticos, com bloqueios recorrentes da internet, censura de publicações críticas e fechamento de veículos independentes. O apagão informativo instaurado pelo governo não apenas restringe o acesso da população a notícias confiáveis, como também alimenta a desinformação e a propaganda ideológica.


A violência contra jornalistas é recorrente. Muitos profissionais são alvo de agressões, ameaças, prisões e tortura por parte de agentes do governo e grupos armados. As jornalistas mulheres enfrentam, ainda, violência de gênero, assédio e represálias. Diante da escalada de insegurança, dezenas de jornalistas abandonaram o país e buscaram refúgio em nações vizinhas.


Regulamentação repressiva e impunidade institucional

Apesar da Constituição Provisória de 2019 garantir a liberdade de imprensa, leis herdadas de regimes anteriores seguem em vigor e são utilizadas para silenciar vozes críticas. A Lei de Crimes Cibernéticos (2020), a Lei de Imprensa e Publicações (2009) e a Lei de Segurança Nacional (2010) oferecem amplo respaldo legal à repressão e à vigilância estatal. Modificações recentes concederam poderes quase ilimitados ao Serviço Geral de Inteligência, incluindo detenções arbitrárias e apreensão de bens sem necessidade de ordem judicial.


A impunidade reina. Agressores de jornalistas raramente são responsabilizados, e as instituições encarregadas de regular a mídia — como o Conselho Nacional de Imprensa e Publicações e o Ministério da Informação — atuam de forma parcial e politizada, sufocando qualquer tentativa de independência editorial.


Crise econômica e colapso das condições de trabalho

A crise humanitária provocada pela guerra, somada à pandemia de COVID-19 e à precarização estrutural do setor, atingiu em cheio os meios de comunicação. A escassez de eletricidade, a destruição de instalações jornalísticas e a distribuição desigual de recursos publicitários — favorecendo veículos pró-governo — tornam insustentável o funcionamento da imprensa independente. Jornalistas em situação de vulnerabilidade acabam, muitas vezes, cooptados por grupos armados ou setores militares em troca de proteção e sustento.


Uma sociedade fragmentada e hostil à imprensa

No plano sociocultural, o Sudão vive um agravamento das tensões étnicas e religiosas. A interferência de grupos conservadores e a proliferação de discursos de ódio nas redes sociais alimentam a hostilidade contra jornalistas, especialmente mulheres e representantes de minorias étnicas ou sexuais. A frágil liberdade de expressão conquistada nas redes sociais durante a revolução de 2019 hoje é ofuscada por uma avalanche de racismo, misoginia e fake news.


Resistência civil e o futuro da imprensa sudanesa

Apesar do ambiente de hostilidade extrema, entidades como a Rede Sudanesa de Jornalistas e a Rede Sudanesa de Mídia e Direitos Humanos continuam denunciando as violações, oferecendo algum suporte aos profissionais perseguidos. Em 2022, após 33 anos de repressão, foi restabelecido um sindicato independente de jornalistas — uma conquista simbólica que resiste à tentativa do regime de silenciar a imprensa.


O relatório da RSF lança um alerta internacional: o jornalismo no Sudão não é apenas uma profissão — tornou-se um ato de coragem em um território onde informar é, literalmente, arriscar a vida. Sem apoio internacional e pressão diplomática, o futuro da liberdade de imprensa no país segue ameaçado por armas, silêncio e medo.


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