Julho das Pretas: Commbne reforça importância da mobilização nacional pelo Bem Viver
- Master Commbne
- 23 de jul.
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Atualizado: 6 de ago.
As ações fazem parte da 13ª edição do Julho das Pretas e funcionam como esquenta para a 2ª Marcha Nacional de Mulheres Negras, que acontecerá em novembro, em Brasília

Commbne, 23 de julho de 2025 – Às vésperas do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha (25 de julho) e do Dia Nacional de Tereza de Benguela, o Instituto Commbne se soma à mobilização nacional protagonizada pelas mulheres negras, reafirmando que Reparação Histórica e Bem Viver são pilares centrais para a reconstrução democrática do Brasil.
As ações fazem parte da 13ª edição do Julho das Pretas, e estão confirmadas em ao menos 16 cidades brasileiras até o dia 25 de julho, reunindo atos, caminhadas, encontros e manifestações culturais e políticas lideradas por organizações de mulheres negras, quilombolas, indígenas, trans, periféricas, jovens, urbanas e rurais. Esta grande mobilização funciona como esquenta para a 2ª Marcha Nacional de Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, marcada para o dia 25 de novembro de 2025, em Brasília (DF).
“O Julho das Pretas é um ato de memória, resistência e reinvenção política. Cada mobilização carrega a história das que vieram antes de nós e planta as sementes de um futuro que só será possível com a centralidade das mulheres negras nos rumos do país”, afirma Camila França, coordenadora executiva e de projetos do Instituto Commbne. “Reforçar o Bem Viver é assumir que a justiça não virá sem enfrentamento ao racismo estrutural, sem participação popular e sem um pacto coletivo por reparação. Essa mobilização é um gesto radical de amor político ao Brasil.”
As mobilizações estão confirmadas em cidades como Belém (PA), Eusébio (CE), Feira de Santana (BA), Garanhuns (PE), João Pessoa (PB), Maceió (AL), Manaus (AM), Pelotas (RS), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São José do Rio Preto (SP), São Luís (MA), São Paulo (SP) e Teresina (PI).
A força dessa mobilização já atravessa fronteiras. A Marcha Nacional de Mulheres Negras conta com núcleos de articulação em mais de 35 países, consolidando um movimento transnacional de mulheres negras comprometidas com a justiça racial, climática e de gênero.
Para Naiara Leite, da Rede de Mulheres Afrolatinoamericanas, Afrocaribenhas e da Diáspora:“As marchas do 25 de julho conectam o Brasil a uma agenda global de enfrentamento ao racismo e aos legados da escravidão. O Bem Viver é a nossa proposta de mundo, e a Marcha Nacional é um ponto de virada que convoca a sociedade brasileira a escutar, respeitar e caminhar ao lado das mulheres negras.”
Bruna Ravena, do Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros (Fonatrans), afirma que a mobilização também é uma denúncia dos retrocessos que impactam diretamente a vida das populações vulnerabilizadas: “Estamos vivendo um momento decisivo para o país. Quando os valores de democracia e justiça social estão sendo negociados, as mulheres negras tomam as ruas para lembrar que esse país só existe por causa de nossas lutas. A Marcha é um ato de reconhecimento, mas também de exigência por mudanças concretas.”
Selma Dealdina Mbaye, da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), aponta que a reparação precisa se materializar em políticas públicas efetivas: “Para os territórios quilombolas, reparação passa pela titulação das terras, pela preservação da cultura e pelo direito de viver com dignidade. O Estado brasileiro ainda falha em garantir esses direitos. As mobilizações do Julho das Pretas nos ajudam a pressionar por ações que vão além do discurso.”
Para o Instituto Commbne, que atua com foco em comunicação antirracista, participação social e incidência política, esse ciclo de mobilizações é também um momento de avaliação crítica do presente e de fortalecimento da escuta e articulação com as bases. “A escuta ativa dos territórios, a visibilidade das demandas concretas das mulheres negras e a mobilização contínua são estratégias fundamentais para transformar a comunicação e a política pública no Brasil. A Marcha é mais que simbólica: é uma agenda concreta de transformação liderada por quem historicamente foi silenciada", reforça França.
Reparação e Bem Viver: Uma Agenda Estratégica para o Brasil
Reparação histórica significa reconhecer os danos da escravidão, do racismo estrutural e das desigualdades que ainda hoje atingem a população negra. Trata-se de promover justiça social a partir de medidas concretas: acesso à terra, à educação, à saúde, à segurança e ao poder político.
O Bem Viver é uma proposta política inspirada em valores ancestrais afro-indígenas que propõe uma vida coletiva, sustentável, diversa e digna. É também uma crítica direta ao modelo de desenvolvimento que concentra renda, destrói o meio ambiente e precariza vidas.
Sobre o Julho das Pretas
O Julho das Pretas foi criado em 2013 pelo Odara – Instituto da Mulher Negra, e se consolidou como uma das maiores agendas políticas de mulheres negras do mundo. A edição de 2025 já soma mais de 630 atividades no Brasil e no exterior, fortalecendo redes, territórios e articulações internacionais.
A campanha é organizada pela Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), a Rede de Mulheres Negras do Nordeste, a Rede Fulanas – Negras da Amazônia Brasileira, entre outras centenas de organizações.









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