Instituto Commbne realiza oficina sobre Comunicação Antirracista para parceiros da Bem-Te-Vi Diversidade
- Master Commbne
- 15 de jul.
- 3 min de leitura
Atualizado: 23 de jul.
Formação virtual reuniu mais de 60 participantes e abordou temas como branquitude, linguagem inclusiva, escuta ativa e o papel estratégico da comunicação na promoção da justiça racial e no enfrentamento ao racismo

Commbne, 14 de julho de 2025 - O Instituto Commbne conduziu nesta segunda-feira (14), a oficina virtual “Comunicação Antirracista”, primeira atividade do ciclo de formações promovido pela Bem-Te-Vi Diversidade. Realizado via Zoom, o encontro teve 2h30 de duração, contou com mais de 90 inscritos e cerca de 60 participantes ao vivo.
Conduzida por Midiã Noelle (diretora geral), Mike Araújo (diretor secretário) e Camila França (coordenadora executiva), a oficina teve como objetivo fortalecer capacidades institucionais para comunicar com responsabilidade, reparação e compromisso antirracista.
O conteúdo articulou fundamentos conceituais, ferramentas práticas e provocações sobre linguagem, imagem, escuta e disputa simbólica. Para o Instituto Commbne, a comunicação é um campo estratégico de disputa para promoção da justiça racial.
“A comunicação antirracista é uma escolha ética. E como toda escolha, exige compromisso cotidiano”, afirmou Camila França. Para Mike Araújo, “não se trata apenas de evitar termos ofensivos, mas de compreender os impactos das palavras e imagens que utilizamos todos os dias”. Midiã Noelle destacou: “Comunicar é disputar sentidos. E, nessa disputa, ou estamos reforçando estruturas de exclusão ou construindo caminhos de reparação”.
A oficina propôs reflexões sobre conceitos como branquitude, lugar de fala, linguagem inclusiva, racismo ambiental e representatividade. Foram compartilhadas estratégias para revisar materiais institucionais, ampliar a diversidade nas narrativas e fortalecer a escuta como base da comunicação transformadora.
O momento de partilha das percepções e experiências dos participantes revelou a potência coletiva da formação. "Foi um aprendizado incrível. Nunca tinha participado de uma palestra com falas tão ricas e informações tão específicas. Foram conteúdos valiosos que me deram um novo olhar sobre essa pauta tão importante. Às vezes erramos por falta de conhecimento, e tenho certeza de que todos saem daqui hoje com muito a compartilhar com os parceiros do dia a dia”, destacou um das participantes da oficina.

“A comunicação não é só o que se diz. É como se olha, como se representa, como se escuta”, revelou outra.
Um dos temas da oficina, o racismo ambiental provocou diversas reflexões entre os participantes. Os facilitadores apresentaram como populações negras, indígenas e periféricas são sistematicamente mais expostas à degradação ambiental e excluídas das decisões sobre o território.
"Há mais de 40 anos, a empresa Plumbum despejou resíduos de chumbo no Rio Ribeira de Iguape, e desde então os quilombolas denunciam o racismo ambiental que enfrentam. A contaminação persiste até hoje, sem qualquer reparação. A mesma empresa já havia atuado anteriormente em Santo Amaro, no Vale do Ribeira — região de forte presença quilombola e de populações negras e indígenas, nos estados de São Paulo e Paraná”, relembrou Camila Mello, da EAACONE.
Gabriel Oliveira, do Fundo Podáali, reforçou que a crise climática é “uma consequência e uma herança de preconceitos nos espaços de gestão e poder, e o racismo ambiental é mais um desses projetos de invisibilização contra as minorias. Povos indígenas e comunidades tradicionais têm papel fundamental no combate à crise climática que vivenciamos com seus territórios vivos e protegidos”.
A abordagem reforçou que o enfrentamento ao racismo também se dá na forma como narramos a crise ambiental, na escolha de fontes, nas imagens utilizadas e nas ausências que são perpetuadas pela imprensa.
Compromisso coletivo
A atividade marcou o início de um ciclo que terá outras duas formações, aprofundando temas relacionados à equidade, comunicação institucional e participação social.
“Saio com um novo olhar para essa pauta tão importante”, escreveu uma participante. “Às vezes pecamos por falta de conhecimento, e hoje saio com muito conteúdo para aplicar e compartilhar.”
Para o Instituto Commbne, a oficina reafirma o papel da comunicação como campo de disputa, reparação e transformação coletiva — e reforça o compromisso de seguir formando, escutando e mobilizando organizações em torno da justiça racial.
A Bem-Te-Vi Diversidade é parceira institucional do Instituto Commbne desde 2023.









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