Commbne marca presença na Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver

O Instituto Commbne esteve presente na histórica Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, realizada em Brasília, que reuniu mais de 300 mil mulheres de todo o país em um ato que já se consolida como um marco político e social.

Mesmo com a dimensão do evento, uma análise realizada pelo Commbne em mais de 50 jornais impressos identificou que apenas 5 veículos publicaram alguma menção à Marcha — e, destes, a maioria se limitou a foto-legendas, sem cobertura aprofundada.

Para a diretora-geral do Instituto, Midiã Noelle, esses dados evidenciam tanto a persistente invisibilização das pautas das mulheres negras quanto a necessidade urgente de ocupar espaços de mídia e fortalecer nossos próprios canais de comunicação:

“Registros oficiais são fundamentais para a pesquisa e para a memória. Quando há silenciamento da grande mídia sobre o que fazemos, isso evidencia o quanto as mulheres negras ainda são desconsideradas e desrespeitadas, inclusive pelo atual governo. Por isso, ocupar as redes, as mídias e todos os espaços de narrativa é essencial para garantir que nossas histórias não sejam apagadas.” — Midiã Noelle, diretora-geral do Commbne.

Cobertura do Commbne na Marcha

Representando o Instituto, as comunicadoras Camila França e Laura Beatriz realizaram a cobertura das atividades da Casa Mulheres Negras Decidem, que recebeu uma série de programações voltadas à articulação política, ao fortalecimento de lideranças e à troca de experiências entre mulheres negras de diversas regiões do país.

O diretor Mike Araújo também esteve presente, participando de mesas dedicadas à relação entre tecnologia, dados e justiça racial. Já a diretora-geral Midiã Noelle integrou agendas paralelas, incluindo o Encontro da Comunidade de Diretoras Negras, que reuniu profissionais de audiovisual para debater representação, políticas do setor e caminhos para ampliar a presença de mulheres negras na direção.

Vozes da Marcha

O Commbne registrou e ecoou algumas das falas que marcaram este encontro histórico:

“Depois de 10 anos, nós retornamos a Brasília para uma marcha de bem-viver. Marchamos por direito à cidade, por liberdade, por políticas públicas que enfrentem de forma real as desigualdades. No Brasil, não há fator mais determinante nesses processos do que a questão racial e a intersecção entre raça, gênero, classe e território.”

— Rafaela Albergaria

“A gente precisa de reparação e justiça urgentemente, mas também de bem-viver — de uma vida boa, de melhores condições, de saúde mental, de descanso, de uma existência plena. Marchamos por reparação e por bem-viver.”

— Carol Dartora

“É sobre viver. É sobre reparação histórica, sobre o meio ambiente, sobre tudo que existe vida e, sobretudo, sobre a nossa ancestralidade. Viva nós e viva as águas.”

— Eliete Paraguassu

“A presença do Commbne na Marcha reafirma o compromisso institucional com a produção de dados, o fortalecimento da memória negra e a construção de estratégias de comunicação que rompam o apagamento e valorizem as vozes das mulheres negras em todo o país”, destacou Camila França.